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Sexo com o paciente pode ser parte do tratamento?
Sexo com o paciente pode ser parte do tratamento?

Terapeuta que inspirou filme defende sexo com pacientes como parte do tratamento

 
 
 
Reprodução
 
 
 
Qual é a importância do sexo para a formação de uma pessoa? Essa é a principal questão que aborda o livro As sessões: minha vida como terapeuta do sexo, de Cheryl T. Cohen Greene, com colaboração de Lorna Garano, editado pela Best Seller. A obra, diga-se de passagem, acaba de chegar às telas do cinema. Fato é que alguns leitores se perguntam qual a diferença entre a profissão da autora e de uma prostituta, uma vez que faz parte da terapia exercida por ela chegar às vias de fato com seus clientes. Ao que ela responde não ser bem assim. Chery tem por argumento que a consumação do ato, quando ocorre, é dentro de um planejamento de exercícios para desenvolver a consciência corporal, abordando questões sobre a imagem que o cliente tem de si mesmo e suas habilidades comunicativas. Além do que, os clientes são sempre encaminhados por seus terapeutas convencionais, cabendo a ela fornecer-lhes as ferramentas necessárias para construír relacionamentos mais saudáveis.
 
 
Há quem duvide da eficácia desse tipo de abordagem, até porque não é embasada em nenhum conhecimento científico, despertando dúvidas sobre liberdade e libertinagem. Ainda assim, o livro tenta se enquadrar num patamar superior aos caça-níqueis recém-lançados que também têm o sexo como temática central. Mas consegue não se transformar em manual “sadomasô” ou algo parecido. Parece estar mais interessado em mostrar que é possível modelar relacionamentos bacanas e isso envolve mais do que relações sexuais.
 
No entanto, a obra claudica ao dedicar capítulos demais à vida pessoal da terapeuta, trazendo um emaranhado de informações previsíveis, próprias de quem nasceu em um período em que a educação sexual era, no mínimo, deficiente. Muito blá-blá-blá para revelar que ela – assim como centenas de milhares de outras mulheres no mundo - descobriu o tanto que haviam lhe ensinado sobre sexo estava errado ou distorcido. A salvação da autora foi ter vivido a juventude na década de 1960. Os ventos sociais revolucionários daquela época também a fizeram questionar e repensar quase tudo o que aprendeu e esse processo de libertação pessoal culminou em sua carreira como terapeuta do sexo. 
 
Divulgação

As sessões: minha vida como terapeuta do sexo

Autor: Cheryl T. Cohen Greene

Tradução: Lourdes Sette

280 páginas

Editora: Best Seller

Preço: R$ 29,90

 
Reflexão franca e destemida Além de sua história, ela relata as de alguns clientes que teve em seus mais de 40 anos de profissão. Uma das mais sensíveis, a de Mark O'Brien, poeta e escritor que desde a infância está preso a um imenso aparelho, apelidado de "pulmão de aço", devido à poliomielite. Sem poder mexer os músculos do corpo, com exceção da cabeça, ele leva uma vida repleta de limitações, entre elas a de sair de sua própria casa – seus pulmões aguentariam trabalhar sozinhos apenas por cerca de três horas. Mark leva a vida com um certo humor irônico, sem reclamar de sua situação. Entretanto, por jamais ter tido uma experiência sexual, ele se sente incompleto. É a partir deste ponto que tanto no livro como no filme se desenrola uma história delicada, não apenas pelo modo como é desenvolvida, mas também por abordar questões que, ainda hoje, são consideradas tabus.
 
Tendo essa complexa situação como pano de fundo, As sessões... surpreende pela naturalidade com que cada fase é apresentada pela terapeuta e superada pelos clientes. Por mais que haja temas difíceis, eles são resolvidos a partir de uma humanidade impressionante dos envolvidos. No caso de Mark, seu bem-estar é o mais importante e esse é o foco, sempre. A naturalidade da terapeuta reflete também no modo como o próprio sexo é tratado na obra. As sessões... traz importantes lições sobre não se prender a regras impostas se elas viram um empecilho para que alguém possa se sentir, de fato, humano. O livro, se não é capaz de legitimar a ousada e controversa terapia, pelo menos encoraja uma discussão aberta e honesta sobre a sexualidade.