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Nunca conte a seu amigo que ele é corno
Nunca conte a seu amigo que ele é corno

Carolina Dini

por Carolina Dini
em 09/03/2013 às 13:34 | Ladies RoomPdH Shots,Sexo

 
 

Noite, cidade, rua. Bar, boteco, restaurante. Tanto faz, é apenas um exemplo – mas que você se identifique. Pode ser quarta-feira, a noite oficial do chifre (motivo: futebol). Pois é. Eis que de repente, no exato segundo que você desvia o olhar de qualquer coisa e gira o pescoço pra direita, está a Camila, namorada do Thiago, aquele guri bom e considerável, alisando carinhosamente os cabelos de um homem. Um homem boa pinta. Que não é o pai ou irmão dela.

Não que fosse normal a Camila fazer isso com alguém da família. Mas é que… né? Bom, seguindo a cena.

 

Você olha pra baixo. Respira. Olha de novo pra certificar.

Não é o seu amigo. É um chifre ainda recém-expelido do óvulo em pleno e natural desenvolvimento.

É obvio que nessa hora surge a maior das dúvidas: sorrio e aceno amaldiçoando a provável foda alheia ou apenas saio?

Apenas sorrir e acenar? Nem isso.

Saia. Aja como se não tivesse visto nada. Como se fosse um corpo sem alma. Contar pro seu amigo que ele está sendo traído sempre será uma fria. Repito: sempre. O portador da fatalidade será inevitavelmente tido como um profeta não quisto. Isso quando não for tachado de míope, louco, fofoqueiro ou bêbado, mesmo que estivesse na ocasião em sã consciência.

Afinal, a vítima jamais vai conceber aceitar uma coisa dessas. Surgirão questionamentos. “Tem certeza que era ele? Quanto você já havia bebido? Mas será que ela não estava apenas tirando uma folha do cabelo dele?”.

Essas dúvidas só servem para você desconfiar de si mesmo e cogitar que estava tendo um surto de delírio na hora do flagra. Portanto, evite-as da maneira mais singela possível. Em silêncio.

O desejo é esse, mas eu disse silêncio

Para quem é passado para trás, perdoar o deslize depois da denunciação vai se tornar muito mais difícil. Sem contar que, numa das fases da aceitação, seu amigo pode ser daqueles que desejarão intimamente nunca ter tido notícias da infidelidade. Assim, inconscientemente, associará sua pessoa como causadora de toda a infelicidade do relacionamento.

Talvez contar ao seu amigo que ele é corno mudará para sempre o rumo da doce vida dele. E isso não é necessariamente bom. A traída vai se ver obrigada a se separar para não ser escrachada pelas amigas enfurecidas. Caso contrário, ficará impossível frequentar as reuniões antigamente tão adequadas. Acaso perdoe a infidelidade, dez anos depois ainda será apontada na rua como chifruda, mesmo que o companheiro tenha “aprendido a lição” (seja lá o que isso signifique).

Já o traidor se afastará dos amigos para evitar qualquer tipo de repreensão. Quem não conhece alguém que se recusou a reatar os laços com o companheiro, mesmo desejando imensamente a reconciliação, por medo de reprimendas?

Lembre-se: você não viu nada

Absolver o companheiro da traição – de segundo ou primeiro grau – é passar por cima do ego, do julgamento alheio, do orgulho interno e das inúmeras fofocas de salão.

Merece um troféu quem aguenta. Mas é melhor nem disputar. Portanto, silêncio.

O fim, quando acontece, deve ser natural. E em casos assim, ele é iminente.

Carolina Dini

CAROLINA DINI

Carolina é advogada, mineira daquelas ansiosas e feministas. Piadista, geminiana, amante de barzinhos e louca por livros. Também está no Twitter.


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